Sem categoria

Cemitério do Rock por Marcos Micucci

Era primavera más os dias costumavam amanhecer horas cinzentos, horas azulzinho. Temperatura entre oito e catorze graus. N’quela manhã estava tudo cinzento. Os vidros embaçados das janelas do apartamento já sinalizavam o que iria encontrar lá fora.

Depois de percorrer todos os pontos turísticos de Paris era comum abrir o mapa da cidade na mesa redonda da sala, estudar e escolher os pontos possíveis de visitar durante todo o dia e desta forma em trinta dias poder conhecer Paris mais do que muitos parisienses. Calculava a distância entre os pontos, tempo de permanência nos locais com foco no prazer, o tempo era apenas uma referência para otimizar os deslocamentos. Sempre com os devidos lanches na mochila, gaitas e dinheiro contado perambulava pôr toda a cidade chegando ao ponto de um dia ter passado a madrugada cruzando as ruas de Paris e pôr segurança aguardar o dia amanhecer na escada de acesso ao metrô com um morador de rua, esta história conto depois
Aquele dia cinzento tinha a cara de filme do

. Como bom roqueiro que sou sabia que o Jim Morrison, vocalista da Banda The Doors formada no ano de 1965 em Los Angeles da qual tenho grande admiração pela criatividade poética e irreverência, ofuscada pelo sucesso dos Beatles e Rolling, foi sepultado em Paris. Seu grande diferencial foi a ousadia de ter incorporado a banda o som de um teclado cru, guitarras com som de guitarra, baixo e bateria. Letras poéticas, instrumental harmonioso , tudo temperado de muita loucura. Pois é! Cemitério de Pére-Lachaise, situado no 20º arrondissement, o maior da cidade.

E lá fui eu rumo ao metrô. Para chegar até a estação de metrô andava cerca de três quadras, o que me chamava atenção neste caminho que fazia diariamente era que ao contrário de Salvador que inexplicavelmente têm cerca de três farmácias em cada quadra, lá eram bibliotecas, escolas, mercadinhos e parques. Passava pôr um local de predominância Árabe. Pense num lugar esquisito!!! Uma rua que só se via homens, grupos conversando nas portas das casas e mercadinhos. Vestimentas sem muita côr e eu com uma camisa vermelha. Me sentia um vaga-lume, parecia que todos olhavam pra mim como se eu fosse um homem bomba.

Um dia saindo da estação de metrô três jovens árabes me abordaram pedindo cigarro, aliás, gritando, começaram a me cercar, eram gigantes. Partir pro tudo ou nada, estufei o peito e feito um bicho soltei meu francês:”…NO CIGARETE!!!…” Dei as costas acelerei o passo e ao dobrar uma esquina corri tanto que nem sentia as minhas pernas. Só parei na porta de casa.

A caminho do cemitério, cheguei na estação. Curtindo o subterrâneo de Paris e os poucos segundos em que o metrô respirava na superfície, cheguei no 20º arrondissement. Atravessei os portões do cemitério e logo me deparei com árvores enormes, entre elas diversos caminhos. Um mural enorme com informações da localização dos túmulos. Ouvi uns barulhos estranhos, vinha do alto das árvores, um bicho esquisito, pela primeira vez vi um corvo e novamente me senti dentro de um filme de Hitchcock. Eram diversas ruas, um verdadeiro labirinto.

Durante a minha pesquisa descobri que o pianista Federic Chopin foi enterrado ali. Fui visita-lo. A sensação era de estar no túnel do tempo. Túmulo do Chopin arrumadinho, limpinho, clássico. Continuei caminhando entre árvores, corvos e sombras a procura do Jim, até que o encontrei. O rock ali na minha frente. Ao contrário do Chopin parecia ter acontecido uma festa no dia anterior. Garrafas jogadas, sinais do rock in roll ainda vivo. Viva o rock, viva a vida, viva a história que cada um constrói e o prazer de um dia poder contar. Segui para Cité de la Musique. Aguarde!

Artigos relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo
Abrir bate-papo
Envie sua denúncia
Olá 👋
Fale conosco pelo WhatsApp e envie sua denúncia ou sugestão de pauta.