Morre Divaldo Franco, ícone do espiritismo e fundador da Mansão do Caminho, aos 98 anos
Líder religioso enfrentava problemas de saúde nos últimos anos e faleceu em Salvador por falência múltipla dos órgãos

Divaldo Pereira Franco, um dos maiores nomes do espiritismo brasileiro, faleceu nesta terça-feira (13), aos 98 anos, em Salvador, vítima de falência múltipla dos órgãos. O médium enfrentava problemas de saúde nos últimos anos, incluindo um câncer na bexiga diagnosticado em novembro de 2024.
Nascido em Feira de Santana (BA) em maio de 1927, Divaldo foi o caçula de 12 irmãos e iniciou sua jornada espiritual ainda na infância, ao relatar experiências com visões e vozes de espíritos. Em 1947, ao lado do amigo Nilson de Souza Pereira, fundou o Centro Espírita Caminho da Redenção, que deu origem à Mansão do Caminho, instituição que acolhe e educa crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social no bairro do Pau da Lima, em Salvador.
A Mansão do Caminho, fundada em 1952, se consolidou como uma das maiores obras sociais do país, atendendo cerca de 2 mil crianças e adolescentes diariamente, com creche, escolas, clínica de partos e assistência a centenas de pessoas em situação de risco.
Reconhecido como o principal sucessor de Chico Xavier, Divaldo psicografou mais de 200 livros, muitos atribuídos ao espírito Joanna de Ângelis, e realizou mais de 12 mil conferências no Brasil e no exterior. Sua obra literária vendeu mais de sete milhões de exemplares, traduzidos para diversos idiomas.
Nos últimos anos, Divaldo também manifestou opiniões políticas conservadoras que dividiram opiniões dentro do movimento espírita. Foi entusiasta da operação Lava Jato, apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro e chegou a defender os manifestantes envolvidos nos ataques de 8 de janeiro de 2023, em Brasília.
Sua trajetória foi retratada no cinema em Divaldo – O Mensageiro da Paz (2019), filme biográfico que destaca sua vida e missão espiritual. Em entrevistas, ele dizia preferir a ética à crença: “Para mim é muito mais importante ser um cidadão ateu, do que um cristão sem dignidade”.
Divaldo Franco deixa um legado espiritual e humanitário de alcance internacional, reconhecido tanto pela fé que professou quanto pelas ações que transformaram a vida de milhares de pessoas.