Trump impõe tarifa de 50% sobre produtos brasileiros e provoca crise diplomática com o governo Lula
Sobretaxa anunciada pelo ex-presidente dos EUA atinge café, carne e petróleo, e vem acompanhada de críticas ao STF e apoio a Bolsonaro; governo brasileiro promete retaliação com base na lei de reciprocidade

O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta quarta-feira (9) a imposição de uma tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros exportados para os EUA. A medida, com implementação prevista para 1º de agosto, surpreendeu setores econômicos e autoridades brasileiras e representa o maior aumento entre as 21 tarifas anunciadas por Trump nesta semana.
A decisão foi comunicada por meio de uma carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), publicada no perfil de Trump na rede Truth Social. Além de justificar o tarifaço com base em supostas práticas desleais do Brasil, o republicano também atacou o Supremo Tribunal Federal (STF), defendeu Jair Bolsonaro (PL) e acusou o governo brasileiro de “atacar a liberdade de expressão dos americanos”.
O governo Lula reagiu duramente. Em nota, o presidente negou que os Estados Unidos tenham déficit na balança comercial com o Brasil e prometeu resposta com base na lei de reciprocidade. “Os dados mostram superávit americano de mais de US$ 410 bilhões nos últimos 15 anos”, escreveu o petista nas redes sociais.
Setores como o de café, carne bovina, ferro, têxteis e petróleo — todos com forte presença nas exportações para os EUA — manifestaram preocupação. A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) afirmou que a medida “impacta negativamente o setor produtivo” e pode causar prejuízos bilionários. Já a Abit (têxtil) alertou que a tarifa de 50% pode “inviabilizar o comércio”.
O mercado financeiro reagiu com volatilidade: o dólar disparou para R$ 5,61 no mercado futuro, e o Ibovespa recuou mais de 2%. O Ministério da Fazenda convocou reunião de emergência com outros ministérios e assessores do Planalto para discutir os próximos passos.
Apesar das ameaças, Trump indicou que as tarifas podem ser revistas, desde que o Brasil “abra seus mercados”. Porém, advertiu: qualquer tentativa de retaliação será somada à tarifa já imposta.
A crise reacende tensões diplomáticas e comerciais entre os dois países e coloca pressão sobre o governo brasileiro, que avalia alternativas para responder sem provocar impactos inflacionários internos. Entre as opções, estão retaliações cruzadas sobre serviços ou propriedade intelectual. Enquanto isso, o cenário internacional aguarda se Trump manterá ou recuará de mais essa medida protecionista.