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Consulados do Brasil nos EUA registram alta de 43% em registros de nascimento diante de endurecimento migratório de Trump

Com nova onda de detenções e temor de deportações em massa, famílias brasileiras correm para regularizar situação de filhos nascidos nos Estados Unidos. Governo brasileiro monta força-tarefa e envia consulados itinerantes a regiões sem representação oficial.

Os consulados do Brasil nos Estados Unidos registraram um aumento expressivo no número de atendimentos desde o início deste ano, impulsionado principalmente pela crescente demanda por registros civis e certidões de nascimento de crianças brasileiras nascidas em solo americano. O movimento é interpretado como uma resposta direta ao novo endurecimento da política migratória do governo de Donald Trump, que voltou à presidência com promessas de deportar milhões de imigrantes em situação irregular.

De acordo com dados do Itamaraty, apenas no primeiro trimestre deste ano, os pedidos de registro de nascimento aumentaram 43% em comparação ao mesmo período de 2024. A emissão de passaportes também apresentou alta: 21% mais solicitações foram feitas no mesmo intervalo. O crescimento da demanda levou o Ministério das Relações Exteriores, chefiado por Mauro Vieira, a montar uma força-tarefa em Brasília para apoiar os consulados e acelerar os atendimentos.

Com 11 representações consulares espalhadas pelo território americano, o Brasil também passou a organizar consulados itinerantes — equipes temporárias que viajam até cidades sem sede diplomática — para atender brasileiros que não conseguem se deslocar até os consulados fixos. A prioridade tem sido dada aos casos mais urgentes, como famílias com filhos sem documentação brasileira e pessoas sob risco iminente de deportação.

A intensificação das ações do governo brasileiro acontece em meio a uma série de operações do ICE (Serviço de Imigração e Alfândega dos EUA), que têm resultado na detenção de imigrantes, inclusive brasileiros. Um dos episódios mais recentes foi a prisão de Marcelo Gomes, de 18 anos, na cidade de Milford, Massachusetts. Marcelo, que é estudante de uma escola local e praticante de vôlei, foi abordado a caminho de um treino no último fim de semana. Segundo o pai do jovem, a família foi pega de surpresa e ficou “sem chão” diante da situação. A prisão causou comoção na cidade.

Casos como o de Marcelo vêm se multiplicando e ganhando repercussão nas redes sociais. Outro vídeo que viralizou foi o da brasileira Nikole Fernandes, detida na cidade de Leominster, também em Massachusetts, sob circunstâncias similares.

Embora os brasileiros não representem a maior parcela dos grupos migratórios nos EUA, as comunidades oriundas do Brasil estão bem estabelecidas no país há décadas — especialmente em estados como Massachusetts, Nova Jersey e Flórida. A atual política migratória tem gerado insegurança, levando muitas famílias a buscar rapidamente a regularização de seus filhos e o fortalecimento de vínculos documentais com o Brasil.

O Itamaraty segue monitorando de perto os casos de brasileiros detidos e reforça que seus consulados estão mobilizados para dar suporte jurídico e consular aos cidadãos em situação vulnerável.

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