Haddad critica Congresso após derrubada do aumento do IOF: “Não faz sentido esse tipo de afirmação”
Ministro da Fazenda rebate discurso de que o imposto seria “arrecadatório” e afirma que governo vai seguir corrigindo distorções deixadas por gestões anteriores, como isenções às casas de apostas.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reagiu nesta quarta-feira (26) à decisão do Congresso Nacional de derrubar o decreto do Executivo que aumentava a alíquota do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). Em declaração à imprensa, Haddad classificou como incoerente a justificativa dos parlamentares que consideraram o imposto uma medida meramente arrecadatória.
“Quando era 6%, era regulatório. Hoje, que é 3,5%, é arrecadatório? Não faz sentido esse tipo de afirmação”, questionou o ministro, lembrando que, durante o governo anterior, diversas operações de crédito foram “maquiadas” para fugir da tributação. “O governo vai continuar corrigindo distorções”, garantiu.
Haddad também aproveitou para criticar a omissão histórica do Estado em setores lucrativos e pouco fiscalizados. “As bets ficaram quatro anos sem pagar imposto no Brasil”, disse, referindo-se às casas de apostas esportivas que movimentaram bilhões sem a devida contrapartida tributária.
A fala do ministro reflete o embate entre o Executivo, que busca reorganizar a arrecadação e reduzir privilégios, e um Congresso cada vez mais resistente a medidas que impactem o mercado financeiro ou setores empresariais. A derrubada do decreto é vista como uma derrota política para o governo, mas também como mais um capítulo na disputa sobre quem paga a conta do ajuste fiscal.
Enquanto o Palácio do Planalto tenta manter o discurso de justiça tributária, o Legislativo tem ampliado sua pressão por redução de impostos mesmo em setores com forte rentabilidade, como as fintechs, o agronegócio e as apostas online. A fala de Haddad indica que o governo pretende intensificar a revisão dessas brechas e manter o foco na progressividade tributária como eixo da política econômica.
