Greve dos professores em Salvador aprofunda desgaste político do prefeito Bruno Reis e tensiona base aliada

A greve dos professores municipais de Salvador entra em sua quarta semana, e o desgaste político do prefeito Bruno Reis se aprofunda diante da continuidade do movimento. A principal reivindicação da categoria é o cumprimento integral do Piso Salarial Nacional do Magistério, mas a prefeitura, por meio da Lei nº 9.865/2025, optou por incorporar gratificações ao salário base — medida que, segundo os sindicatos, não representa um aumento real e distorce o plano de carreira.

Rui Oliveira, coordenador-geral da APLB, responsabiliza o prefeito pela permanência da greve e denuncia a proposta como insuficiente. Kleber Rosa, da Fetrab, acusa Bruno Reis de “desrespeitar os educadores” ao enviar à Câmara um projeto de reajuste abaixo do piso estabelecido em lei.

Além do desgaste do Executivo, a base aliada na Câmara Municipal tem sido palco de intensas críticas. O vereador Maurício Trindade (PP) classificou os líderes da greve como “manipuladores” e “criminosos”, acusando-os de utilizar a paralisação para objetivos políticos. A declaração gerou reação imediata do vereador Randerson Leal (Podemos), que repudiou o discurso de ódio e pediu maior diálogo, sugerindo a presença do secretário Thiago Dantas nas discussões.

O impasse político reforça a crítica sobre a falta de diálogo entre prefeitura e educadores. A vereadora Marta Rodrigues (PT) destacou que Salvador acumula uma defasagem salarial de 58% para os professores, e que a proposta municipal não atende às reivindicações legítimas da categoria.

Enquanto o impasse persiste, os professores intensificam as mobilizações para garantir melhores condições de trabalho e a correta aplicação do piso salarial, em um cenário que ameaça prejudicar o ano letivo e agravar as tensões políticas locais.