Salvador no fim da fila: capital amarga pior índice de educação após 13 anos de gestão carlista
A administração do grupo político liderado por ACM Neto e com Bruno Reis na prefeitura, Salvador tem o pior desempenho entre as capitais brasileiras na educação pública.

Após 13 anos de domínio político do grupo liderado pelo ex-prefeito — conhecido como “ACM NETO — e atualmente representado pelo prefeito Bruno Reis, Salvador amarga a última colocação entre as capitais brasileiras em qualidade da educação pública, segundo dados do Ministério da Educação. A cidade, que já foi berço de grandes movimentos culturais e intelectuais, hoje se encontra afundada em um projeto de gestão que privilegia o concreto, os grandes empreendimentos e a maquiagem urbana, em detrimento de investimentos reais e estruturantes na educação, na cultura e no lazer da população.
Os números são alarmantes: Salvador aparece com os piores indicadores no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) entre as capitais do país. Segundo a última avaliação, apenas 5,2% dos estudantes do 9º ano da rede municipal atingiram nível adequado de aprendizado em Língua Portuguesa, e em Matemática, o índice cai para menos de 3%. Esses dados refletem o abandono histórico da educação pública, agravado por uma gestão que trata o setor como gasto e não como investimento.
Há mais de 80 dias, os professores da rede municipal de ensino estão em greve, em um grito coletivo por respeito, valorização profissional e melhoria das condições de trabalho. A paralisação escancara a intransigência e o autoritarismo do prefeito Bruno Reis, que se recusa a abrir um canal efetivo de diálogo com os educadores. Enquanto isso, mais de 130 mil alunos seguem sem aula, vítimas de um impasse que poderia ser resolvido com vontade política e compromisso com a cidade.
Salvador foi transformada num imenso canteiro de obras voltadas para o mercado, com viadutos, pavimentações e praças de concreto que substituem áreas verdes e ignoram as reais necessidades da maioria da população. Árvores são derrubadas sem critério, espaços públicos são reformulados para atender aos interesses do turismo e da classe média alta, e os investimentos em cultura, esporte e lazer nas periferias seguem congelados.
Enquanto isso, a juventude pobre da cidade é relegada à própria sorte: sem acesso a uma educação de qualidade, sem espaços culturais, sem bibliotecas, sem oportunidades reais de inserção social. O resultado é o aprofundamento das desigualdades e o agravamento de problemas sociais estruturais, como evasão escolar, violência e desemprego juvenil.
O descaso com a educação não é um acidente: é parte de um projeto de cidade que exclui, que marginaliza, que trata a educação como um obstáculo à reprodução de poder. Em Salvador, o concreto avança e a cidadania recua. A luta dos professores é, portanto, também a luta por um novo modelo de cidade — mais justo, mais democrático e verdadeiramente comprometido com seu povo.