Parlamento italiano pressiona governo por extradição de Carla Zambelli, alvo de mandado de prisão no Brasil
Deputados cobram respostas urgentes e alertam para risco de impunidade; caso remete à extradição de Pizzolato em 2015

A possível extradição da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), alvo de mandado de prisão preventiva expedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF), provocou forte reação no Parlamento italiano. A parlamentar, que possui cidadania italiana, deixou o Brasil após a emissão do mandado e teve seu nome incluído na lista vermelha da Interpol.
Na Itália, deputados de diferentes partidos passaram a cobrar uma resposta imediata do governo. Angelo Bonelli, da Alleanza Verdi e Sinistra, protocolou uma interpelação urgente aos ministérios da Justiça, Interior e Relações Exteriores, exigindo esclarecimentos sobre a atuação do país diante do caso. “A Itália não pode se tornar um paraíso para criminosos”, declarou Bonelli à imprensa italiana.
O deputado Fabio Porta, do Partido Democrático, também se manifestou, pedindo que o governo “acione todos os mecanismos previstos” no tratado de extradição firmado entre Itália e Brasil. “Seria uma vergonha para a imagem do nosso país não colaborar com a Justiça brasileira em um caso tão evidente de violação democrática”, disse.
Apesar da legislação italiana em geral proibir a extradição de cidadãos nacionais, o tratado bilateral com o Brasil prevê exceções, especialmente em situações envolvendo crimes graves. Juristas italianos relembram o caso do ex-diretor do Banco do Brasil Henrique Pizzolato, extraditado da Itália em 2015 mesmo com cidadania italiana, como um precedente claro aplicável à situação de Zambelli.
Caso a Justiça italiana recuse a extradição, outra possibilidade prevista seria o cumprimento da eventual pena em território italiano, conforme dispositivos do tratado.
O futuro da deputada agora depende da tramitação judicial na Itália, sob a atenção da opinião pública e do Parlamento local. A decisão sobre uma eventual prisão preventiva no país europeu caberá à Corte de Apelação da cidade onde ela estiver localizada.
Enquanto isso, cresce a pressão política em Roma para que o governo italiano atue com firmeza e coopere com as autoridades brasileiras no cumprimento da ordem judicial.