Mundo

Após morte de Francisco, ala progressista teme retorno de papa conservador ao Vaticano

Padres brasileiros avaliam que a cúpula da Igreja Católica buscará um sucessor europeu e tradicionalista, em reação à guinada pastoral e inclusiva do pontificado de Jorge Mario Bergoglio.

A morte do papa Francisco, aos 88 anos, na manhã desta segunda-feira (21), abriu espaço para um novo e decisivo capítulo na sucessão do comando da Igreja Católica. Padres brasileiros ligados à ala progressista do clero acreditam que o próximo papa deverá representar um movimento de retomada das tradições e será mais conservador que seu antecessor.

Segundo fontes ouvidas, há uma leitura comum entre religiosos de que a escolha de Jorge Mario Bergoglio, em 2013, foi vista à época como inofensiva: um cardeal latino-americano discreto, sem histórico de confrontos com a cúpula da Igreja. No entanto, a guinada promovida por Francisco surpreendeu o alto escalão do Vaticano.

“O papa Francisco não foi revolucionário, mas foi humano. Um pastor com cheiro de ovelha”, afirmou um dos religiosos, que atua em dioceses brasileiras. Ele destaca que Francisco preferia ser chamado de “bispo de Roma”, rejeitava formalismos e se colocava ao lado dos mais pobres.

Em abril deste ano, o papa fez uma de suas últimas aparições públicas, usando um poncho em vez da tradicional batina e sentado em uma cadeira de rodas na Basílica de São Pedro — um gesto simbólico que, para seus apoiadores, resumia a simplicidade que marcou seu pontificado.

Com sua morte, religiosos progressistas temem um movimento de “correção de rota” por parte dos cardeais. “Desta vez, não vão errar duas vezes”, disse um padre. “A tendência é eleger alguém com pulso firme, que traga de volta a tradição, que fale do céu, do inferno e use batina o tempo todo.”

A expectativa agora gira em torno do conclave que será convocado nas próximas semanas. Com maioria europeia entre os cardeais eleitores, a chance de retorno a uma liderança mais hierárquica e centralizadora preocupa setores que, sob Francisco, se sentiram ouvidos pela primeira vez em décadas.

Artigos relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo