PF descobre esquema de desvio de emendas parlamentares na Bahia envolvendo deputado Félix Mendonça e prefeitos do interior
Operação da Polícia Federal apreende R$ 3 milhões em dinheiro vivo; deputado baiano Félix Mendonça e gestores municipais são investigados por corrupção e fraude em licitações

A Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira (27),da quarta fase da Operação OVERCLEAN, que investiga o desvio de recursos de emendas parlamentares na Bahia entre os anos de 2021 e 2024. A ação teve como alvo prefeitos de três cidades do interior baiano, além do deputado federal Félix Mendonça Júnior (PDT-BA), suspeito de liderar o repasse de verbas públicas para contratos fraudulentos em conluio com gestores municipais e empresas de fachada.
Foram afastados dos cargos:
- Humberto Raimundo Rodrigues de Oliveira (PT), conhecido como Beto, prefeito de Ibipitanga.
- Alan Machado França (PSB), prefeito de Boquira.
Ambos foram presos em flagrante por porte ilegal de armas durante o cumprimento dos mandados de busca e apreensão. Em Ibipitanga, também foram recolhidos documentos, celulares e equipamentos eletrônicos.
Além deles, o ex-prefeito de Paratinga, Marcel José Carneiro de Carvalho (PT), foi alvo de mandado de busca. Em sua residência, os agentes encontraram R$ 3,2 milhões em espécie, escondidos em malas e sacolas.
As investigações apontam que as emendas parlamentares destinadas principalmente à área da saúde foram desviadas por meio de licitações simuladas e repasses para empresas de fachada. Parte dos valores era devolvida em forma de propina a políticos e operadores do esquema.
Um dos principais investigados é Marcelo Chaves Gomes, assessor direto de Félix Mendonça Júnior. Ele foi afastado do gabinete parlamentar e é apontado como operador financeiro da organização criminosa. Segundo a Polícia Federal, havia uma estrutura de corrupção sistemática envolvendo gabinete parlamentar, prefeituras e empresários.
Embora o deputado Félix Mendonça não tenha sido alvo de mandado de busca, seu sigilo telefônico foi quebrado por autorização do Supremo Tribunal Federal (STF). Em nota, ele negou qualquer irregularidade e afirmou que todas as emendas foram solicitadas legalmente por prefeituras.
A operação contou com a participação da Controladoria-Geral da União (CGU) e da Receita Federal, e teve ordens judiciais autorizadas pelo ministro Kassio Nunes Marques, do STF. Os investigados podem responder por corrupção ativa e passiva, peculato, fraude em licitações, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
A PF destacou que o esquema desviou milhões de reais em recursos públicos e que novas fases da operação devem ocorrer nos próximos meses. A apreensão de grandes volumes em dinheiro vivo indica um esforço claro para esconder a origem ilícita dos recursos e evitar rastreamento bancário.