Politica

Congresso Nacional legisla para si mesmo e contra o povo brasileiro

Ao derrubar vetos presidenciais, aprovar aumentos de cargos e enfraquecer o controle fiscal, o Parlamento brasileiro mostra sua desconexão com a sociedade e compromisso com interesses de elites econômicas.

O Congresso Nacional brasileiro, ao invés de representar os anseios da maioria da população, atua cada vez mais em benefício próprio. A derrubada recente de vetos do presidente Lula, o aumento do número de deputados e a revogação do decreto que elevava o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) são apenas os episódios mais visíveis de uma estrutura legislativa que age desconectada da realidade social do país — e totalmente alinhada com os interesses da elite econômica, do agronegócio, dos militares e das oligarquias políticas.

Na prática, o Parlamento tem colocado o governo democraticamente eleito contra a parede, impondo uma pauta que favorece os mais ricos e penaliza os mais pobres. Ao derrubar o veto presidencial ao projeto que cria subsídios para empresas do setor de energia, o Congresso abriu mão de bilhões em arrecadação — uma escolha que contraria qualquer política responsável de combate à desigualdade ou de fortalecimento do Estado. Quem ganha com isso são os grandes grupos empresariais do setor elétrico, não a população que paga tarifas cada vez mais altas.

Como se não bastasse, deputados e senadores ainda aprovaram o aumento no número de parlamentares em várias Assembleias Legislativas estaduais e na Câmara dos Deputados, inflando a máquina pública, ampliando gastos e fortalecendo suas bases eleitorais com mais cargos, mais emendas e mais poder. Não houve consulta popular, não houve debate público — apenas o velho jogo de bastidores entre partidos que pensam mais nas próximas eleições do que nas próximas gerações.

Outro movimento simbólico dessa lógica distorcida foi a derrubada do decreto do Executivo que aumentava o IOF sobre operações de crédito. A medida visava recompor parte da arrecadação e garantir equilíbrio fiscal. Mas o Congresso agiu para beneficiar grandes grupos financeiros e setores que operam com alto volume de crédito, enquanto o brasileiro comum continua pagando impostos regressivos e convivendo com serviços públicos sucateados.

Esse Parlamento, dominado por empresários, militares e representantes do agronegócio, não esconde mais sua missão: manter privilégios, ampliar poder e impedir qualquer tentativa de avanço social real. A desconexão com o povo é tamanha que decisões que afetam diretamente a vida da maioria da população são tomadas sem diálogo, sem transparência e com base em interesses de grupos restritos.

O resultado é um Brasil travado. Um Executivo com a “faca no pescoço”, impedido de implementar políticas públicas efetivas. Um Legislativo poderoso, mas capturado por lobbies. E um povo abandonado, cada vez mais distante dos centros de decisão.

Sem uma reforma política profunda, que limite o poder econômico sobre o Parlamento, amplie a representatividade popular e combata os privilégios institucionais, o Congresso seguirá sendo uma fortaleza de interesses próprios — e não a casa do povo brasileiro.

Artigos relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo