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Centrão se articula com empresários e amplia ofensiva contra Lula no Congresso

Em jantar na casa de João Doria, Hugo Motta reúne empresários em meio à maior crise entre o governo e o Congresso. Ação reforça articulação liderada por Motta e Alcolumbre para frear medidas do Executivo e esvaziar programas sociais

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), participa nesta segunda-feira (30) de um jantar com cerca de cinquenta empresários na residência do ex-governador de São Paulo João Doria. O encontro ocorre em meio à maior crise política enfrentada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no atual mandato, e simboliza o aprofundamento do alinhamento entre setores do Congresso e da elite econômica para conter o avanço da agenda do governo federal.

A reunião, que teve o convite feito por Doria antes do recente acirramento da crise entre o governo e o Congresso, está sendo interpretada como um gesto claro de apoio dos empresários da chamada “Faria Lima” à liderança de Hugo Motta. O movimento coincide com o lançamento de uma campanha publicitária do PT nas redes sociais, defendendo uma divisão mais justa da carga tributária no país: “Quem tem mais, paga mais. Quem tem menos, paga menos”, diz a peça.

Na semana passada, Motta e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), lideraram uma dura derrota contra o Planalto. Sem aviso prévio ao governo ou às lideranças partidárias, o presidente da Câmara colocou em votação três decretos de Lula que aumentavam as alíquotas do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). Com ampla maioria — 383 votos pela derrubada e apenas 98 pela manutenção —, os decretos foram suspensos.

A medida retirou aproximadamente R$ 10 bilhões do orçamento do Executivo, recursos que seriam destinados a programas sociais estratégicos para o governo e para a tentativa de reeleição de Lula em 2026.

Segundo aliados do Planalto, a dupla Motta e Alcolumbre tem atuado sistematicamente para inviabilizar o governo, barrando propostas e gerando instabilidade política e fiscal. Nos bastidores, integrantes do Executivo enxergam uma aliança entre o Centrão e setores econômicos resistentes à proposta de uma reforma tributária progressiva, que busca fazer com que os mais ricos contribuam proporcionalmente mais para o financiamento do Estado.

A avaliação dentro do governo é que essa articulação pretende minar a governabilidade de Lula e reduzir sua força para as eleições de 2026, favorecendo candidaturas mais alinhadas ao status quo do mercado.

Diante do agravamento da crise, Lula decidiu adotar uma postura mais combativa contra o Congresso e grupos econômicos que, segundo ele, têm se recusado a contribuir com uma distribuição mais justa da carga tributária no país.

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