PF aponta Braga Netto como figura central em articulação golpista: novas mensagens expõem bastidores de 2021 e 2022
Relatório entregue ao STF mostra que o ex-ministro participou de grupo com aliados bolsonaristas para desacreditar o sistema eleitoral e cogitou “virar a mesa” após ataques de Bolsonaro ao Supremo; defesa nega envolvimento e acusa distorção de fatos.
A Polícia Federal enviou nesta quarta-feira (18) ao Supremo Tribunal Federal um novo relatório que reforça os indícios da participação do ex-ministro Walter Braga Netto na tentativa de golpe de Estado de 2022. O documento, baseado em mensagens extraídas do celular do coronel da reserva Flávio Peregrino, aponta que Braga Netto atuou como peça-chave em articulações para desacreditar o sistema eleitoral brasileiro.
Entre os dados mais relevantes estão conversas em um grupo de WhatsApp intitulado “Eleicoes 2022@”, que reunia aliados do então presidente Jair Bolsonaro, como o deputado Osmar Serraglio, o senador Luis Carlos Heinze e o próprio Peregrino. Segundo a PF, as mensagens com informações falsas foram utilizadas na elaboração do relatório do Partido Liberal (PL) que contestava o resultado do segundo turno das eleições presidenciais.
O relatório ainda revela que, em setembro de 2021, Braga Netto chegou a cogitar uma ruptura institucional, mencionando que os comandantes militares estariam cientes de uma possível ação caso o Supremo descumprisse um suposto “acordo”. A Polícia Federal conclui que o plano golpista antecede o pleito de 2022 e teria ganhado corpo com apoio de setores das Forças Armadas e da base bolsonarista.
Braga Netto está preso desde dezembro de 2024, acusado de tentar obstruir as investigações ao buscar informações sobre a delação de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. Em nota, sua defesa classificou as acusações como “infundadas” e afirma que o ex-ministro sempre respeitou as instituições democráticas.
A Procuradoria-Geral da República deve analisar os novos elementos nas próximas semanas.
