China admite pela primeira vez possibilidade de negociação direta com EUA sobre tarifas
Pequim diz avaliar conversas após sinalização de Washington e cobra suspensão de tarifas unilaterais como gesto de “sinceridade” nas tratativas

Na manhã desta sexta-feira (2), o Ministério do Comércio da China declarou que o governo americano recentemente iniciou comunicações por meio de canais relevantes, sinalizando a disposição para negociações. Em resposta, Pequim afirmou estar avaliando conversas diretas com Washington, uma novidade que indica uma possível mudança na postura chinesa diante da guerra tarifária.
O governo chinês destacou, entretanto, que qualquer negociação só será possível se os Estados Unidos demonstrarem sua sinceridade, incluindo a suspensão das tarifas unilaterais. A China se referiu especificamente aos 125% de tarifas aplicadas aos produtos americanos, em vigor desde abril, e afirmou que, sem ações concretas, qualquer tentativa de coerção ou extorsão por parte dos EUA não será aceita.
O Ministério do Comércio acrescentou que altos funcionários dos Estados Unidos têm expressado repetidamente a vontade de negociar, mas que a verdadeira intenção dos EUA precisa ser observada e verificada pela China antes que qualquer conversa avance. “Falar uma coisa e fazer outra não funcionará com a China”, afirmou o porta-voz do ministério.
A guerra comercial entre os dois países já resultou em tarifas elevadas sobre produtos chineses e americanos. Os Estados Unidos impuseram tarifas de até 145% sobre importações da China, somando a tarifa de 125% anunciada por Donald Trump no mês passado com uma taxa de 20% imposta no início de 2025. Em resposta, Pequim também aplicou tarifas de 125% sobre os produtos americanos.
Analistas indicam que a China pode estar buscando uma forma de suavizar as tensões comerciais, mas mantém um posicionamento firme em relação à suspensão das tarifas como condição para o início de negociações significativas.