O ator Wagner Moura está no Brasil para divulgar seu primeiro filme como diretor, “Marighella”, e não poupou críticas a atual política cultural do País. Falou de censura, do posicionamento da Ancine e afirmou que Bolsonaro “é um personagem profundamente conectado ao esgoto da história brasileira”.
Em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, Wagner Moura afirmou que o filme não chegou antes às salas de cinema por conta da pandemia e de desentendimentos com a Ancine (Agência Nacional do Cinema). Segundo Moura, “Marighella” foi censurado pelo órgão por ser uma biografia de Carlos Marighella.
“As negativas da Ancine para o lançamento e, depois, o arquivamento dos nossos pedidos não têm explicação. E isso veio numa época em que o Bolsonaro falava publicamente sobre filtragem na agência”, disse Moura à Folha de São Paulo.
Wagner Moura continua: “já está muito mais claro para os brasileiros a tragédia que é o governo Bolsonaro do que talvez em 2019, quando tentamos lançar “Marighella” pela primeira vez. Talvez, hoje, haja uma maior compreensão de que isso é um produto cultural brasileiro, que o fato de ser proibido, censurado, atacado pelo governo é um absurdo”, pontuou. “Não é censura como foi na época da ditadura, de que não vai passar e pronto, mas é uma censura que inviabiliza o lançamento de filmes por uma via burocrática. É triste, é só triste. Eu não tenho raiva, só tristeza”, afirmou Wagner.
Sobre a forma que a cultura está sendo tratada pelo governo Bolsonaro, Wagner Moura é enfático. Para ele, arte e cultura são, por excelência —independentemente de como se posicionam os artistas—, inimigas do fascismo. “Se você vai buscar na história, todos os regimes fascistas começam por atacar artistas”.
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