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Operação Skala – Os Homens do presidente estão na cadeia

E a vida continua imitando a arte. Se fossemos criar outra série para a Netflix,  que contasse as tramas politicas e criminosas no Brasil, teríamos um roteiro difícil de editar. São tantas ligações politicas, muitas tramas criminosas e homens importantes sendo presos no Brasil.

O título do livro (e do filme) que reconstitui a investigação feita pelos jornalistas Bob Woodward e Carl Bernstein do caso Watergate — e a derrubada do então presidente dos Estados Unidos, Richard Nixon — serve perfeitamente para o mais recente episódio da vida real da política brasileira, a prisão de amigos íntimos do presidente Michel Temer. Não se trata aqui de investigação jornalística, mas de um trabalho paciente da Polícia Federal e do Ministério Público Federal para juntar as peças que formam o quebra-cabeças de um escândalo do qual só se conhece uma ponta.

No dia 5 de março, quando determinou a quebra do sigilo bancário (e depois telemático) de José Yunes, Rodrigo Rocha Loures e do coronel João Batista Lima, estava claro que o ministro Luís Roberto Barroso tinha cercado o presidente Michel Temer como em um jogo de xadrez. A prisão, nesta quinta-feira (29), de Yunes, Lima, do ex-ministro Wagner Rossi, do diretor-presidente da Rodrimar, Antonio Celso Greco, e de uma das herdeiras do Grupo Libra, a empresária Celina Torrealba, indica que a quebra dos sigilos revelou conexões dignas de uma versão brasileira de Todos os Homens do Presidente.

Enquanto isso o presidente segue silenciado pelo medo, vergonha, ou simplesmente descaso diante dos fatos graves que envolvem seus amigos mais próximos.

A operação da Policia Federal faz a ligação de todos os presos, com suspeitas claras de que o presidente do Brasil está envolvido em mais um escândalo de corrupção, e que só permanece em liberdade graças ao cargo que ocupa.

O que essas pessoas têm em comum? Ligações com o setor portuário, uma área nebulosa em que se movimentam somas bilionárias e que está há anos sob comando do PMDB, mais especificamente do grupo do presidente. Alguns são amigos de longa data de Temer, caso de Yunes, que teria recebido R$ 1 milhão do doleiro Lúcio Funaro, a pedido da Odebrecht, em seu escritório, e que se autodefiniu como “mula involuntária”. Na versão de Yunes, ele não sabia o que continha no envelope repassado por Funaro para o PMDB. Achou que eram documentos, mas o doleiro disse na delação premiada que era dinheiro em notas

Enfraquecido politicamente, sem às pautas reformistas que lhe davam folego politico, Michel temer está cada vez mais solitário. Os aliados do presidente no Congresso Nacional cada vez mais se afastam da figura presidencial. Lembrando que estamos em ano de eleição, que a janela para troca partidária permanece aberta, e nenhum dos aliados quer se “contaminar” com mais um escândalo envolvendo o presidente da república.

O fato de a PF ter divulgado uma nota sucinta sobre as prisões e dito que desta vez não haverá entrevista coletiva para explicar as prisões indica que elas estão baseadas nas quebras de sigilo. Por ser um direito constitucional, o sigilo bancário, fiscal, telefônico e de correspondência só pode ser quebrado por decisão judicial, para subsidiar uma investigação, mas não pode ser tornado público. Com frequência vaza, mas é crime.

A Operação Skala, que levou para cadeia seus amigos próximos, é mais uma pedra no caminho da improvável candidatura de Temer à reeleição. A grande incógnita nesse quebra-cabeça é o coronel Lima, que até aqui vinha se esquivando de depor, alegando motivos de saúde. Já foram encontrados indícios de que ele pagava contas da família de Temer e que ele pode ser bem mais do que um velho amigo.

 

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