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Império Suerdick

Por Vinicius Jacob

O Brasil é um país de imigrantes, construído e forjado por gente que acredita no trabalho duro e na esperança. A possibilidade de realizar sonhos fez com que homens e mulheres saíssem de seus países para conquistar novas terras em busca de oportunidades e sucesso. Foi esse mesmo desejo que moveu o jovem alemão August Suerdieck, com apenas 28 anos de idade, a construir com seus descendentes a maior empresa de charutos artesanais do planeta, produto esse genuinamente baiano.

A indústria do tabaco sempre foi muito forte em nosso estado, controlada por duas gigantes do ramo, as fabricas Costa Penna no mercado de charutos desde 1851 e a Dannemann que entrou no mercado no ano de 1873. Essas duas, juntamente com a Suerdieck, criada em 1892, revolucionaram o mercado fumageiro colocando o estado da Bahia na vanguarda da indústria mundial e o recôncavo baiano como referência de desenvolvimento urbano e social.

A histórica cidade de Maragogipe, que no passado gozava de grande prestigio político e financeiro graças a produção de cana de açúcar, mas que com a crise dessa atividade produtiva, entrou em decadência, revigorou-se pelas mãos da indústria fumageira, particularmente da Suerdieck, quando conquistou o título de capital do fumo na América Latina, pois nela estava localizada a maior fábrica da empresa com mais de 2000 pessoas empregadas, em sua maioria mulheres.

Outras cidades do recôncavo também se beneficiaram com a indústria do fumo a exemplo de Cruz da Almas, Cachoeira, São Gonçalo dos Campos, São Felix, Santo Antônio de Jesus e muitas outras. No total, em dados coletados em 1954, a Suerdieck que praticamente monopolizava a produção e venda dos charutos, empregava 4.128 pessoas o que, na época, era motivo de espanto, sendo que ainda hoje esse número é muito significativo!

Esta fantástica empresa controlava todas as fases da produção, desde a confecção das caixas, diga-se de passagem, belíssimas e luxuosas caixas de jacarandá, cedro e pau ferro para colocar seus requintados e saborosos produtos, bem como a escolha das folhas e a produção artesanal dos charutos com mais de duas centenas de marcas diferentes.

Os herdeiros, Gerhard e Geraldo, filho e neto do alemão August Suerdieck fizeram dessa empresa uma referência de gestão e empreendedorismo, colocando a Bahia na vanguarda da exportação de charutos no mundo, sendo o requinte e a qualidade sua “marca registrada”, deixando um legado que jamais será esquecido pela história.

Vinicius Jacob é professor e pesquisador.

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