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Com novo coronavírus, inadimplência no ensino superior cresce mais de 70% e evasão sobe 32,5%

Com a pandemia do novo coronavírus, a taxa de inadimplência nas instituições de ensino superior do País superou os 70% e o número de estudantes que trancaram a matrícula ou desistiram do curso subiu 32,5% no mês de abril em relação ao mesmo período do ano passado, de acordo com levantamento divulgado nesta segunda-feira, 25, pelo Semesp. A entidade, que representa mantenedoras de ensino superior do País, projeta que, se a situação continuar, 21% das instituições podem não conseguir quitar a folha de pagamento de junho.

“Neste momento, a gente quer ver o impacto da pandemia, da paralisação das aulas presenciais e da crise econômica. O estrago só não é maior porque teve o ingresso de alunos no primeiro semestre, antes da pandemia, e 70% dos alunos ingressam no primeiro semestre”, diz Rodrigo Capelato, diretor-executivo do Semesp.

Os dados de inadimplência e evasão correspondem a 146 instituições de ensino superior e são referentes a cursos presenciais e EAD. O atraso de mensalidades foi de 26,3% ante 15,3% em abril do ano passado. Na modalidade presencial, o aumento atingiu 75,8%. No caso de EAD, saltou de 15,4% para 23,2%.

No recorte que avaliou a taxa de evasão, a alta foi puxada pela desistência em cursos presenciais, que foi de 47% em relação a abril de 2019, principalmente de calouros. Nos cursos EAD, que costumam ser mais baratos, a taxa caiu 2,6% no período.

O levantamento também avaliou o impacto da pandemia de acordo com o porte das instituições. As de grande porte, com mais de 7 mil alunos, sofreram mais com a inadimplência: a taxa foi de 29,5%, enquanto as de pequeno e médio porte tiveram índice de 25,2%.

A situação se inverte no quadro que analisou a evasão, onde o porcentual foi maior nas instituições pequenas e médias, que passou de 2% para 3,1%. Nas de grande porte, subiu de 1,8% para 1,9%.

“Houve o ingresso de novos alunos e, depois de 15 a 20 dias, as aulas foram suspensas no modelo presencial e ocorreu a deterioração da renda de alunos e de suas famílias. Em abril, a taxa de evasão é historicamente baixa, mas ela cresceu. O efeito da crise se dá mais fortemente na inadimplência do que na evasão, porque as pessoas querem fazer o curso superior, mas a falta de dinheiro impede que elas paguem a mensalidade.”

O Semesp, que representa 708 instituições de ensino superior no País, projeta que, caso inadimplência e evasão continuem aumentando, os impactos financeiros já poderão ser sentidos pelas instituições a partir do próximo mês.

“Se continuar nesse ritmo de crescimento, 21% das instituições não vão conseguir pagar a folha de pagamento em junho e 39% das instituições terão prejuízo superior a 20% da receita líquida em 2020.”

Capelato analisa que, se reduções de mensalidades forem aplicadas, o cenário pode ser ainda mais grave: “30% das instituições terão de fechar até o final de 2020”.

A ampliação do Fies somada a criação de linhas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para que as instituições possam manter o financiamento que oferecem são caminhos apontados pelo diretor-executivo para amenizar os impactos da situação.

“Teria de alargar o Fies. Subir de 100 mil vagas para 500 mil, não só para aluno novo, mas para inadimplente para segurar o aluno. No Brasil, ainda temos poucos jovens no ensino superior.”

São Paulo

Epicentro da doença no País e Estado que lidera o ranking de quantidade de instituições de ensino superior no Brasil – de acordo com a entidade -, São Paulo apresentou um crescimento de 73,2% da taxa de inadimplência e a evasão foi de 20,5%. Segundo o Semesp, 45% das instituições que participaram da pesquisa são do Estado.

Na região metropolitana, o atraso no pagamento aumentou quase 80% (79,7%). No interior, o índice ficou próximo a 70% (68,5%).

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