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Baú Histórico da Bahia – O politico Antônio Balbino

Por Vinícius Jacob

Em tempos turvos como o atual, em que a falta de verdadeiras e respeitáveis lideranças políticas é infelizmente visível e tendo a nossa frente, muitos candidatos a cargos eletivos investigados pela polícia e ministério público, tendo alguns inclusive condenados pela justiça, a única expectativa que cada brasileiro tem é a de que o futuro fica mais obscuro e difícil de se projetar.

Diante de tamanha confusão e falta de perspectiva, convém aqui lembrar de uma figura política que soube se destacar como muitos de sua geração pela sua inteligência, cultura elevada, visão de futuro e senso de responsabilidade com a coisa pública. Estou falando do doutor Antônio Balbino de Carvalho Filho, o primeiro governador da Bahia a enxergar e encarar que os principais problemas do nosso estado era a falta de escolas, carência de profissionais da educação e essencialmente, planejamento.

Antônio Balbino foi nomeado ministro da educação em junho 1953, ficando nessa função pouco mais de 1 ano, tempo suficiente para ter uma ideia de quanto era deficiente e desorganizada a educação pública brasileira. Foi eleito governador da Bahia no final de 1954 e como gestor público investiu pesado, criando no interior da estado, cursos normais para formação de professores, além de escolas primárias em um estado carente de alfabetização.

Homem concatenado com o mundo, no seu governo, Balbino implementou a chamada Comissão de Planejamento Econômico, criado pelo economista Romulo Almeida, que tinha como objetivo realizar políticas econômicas e sociais para o estado da Bahia, coisa antes nunca feita. A Bahia com Balbino começou a pensar o futuro, afinal o Brasil vivia a era Juscelino Kubitschek, 50 anos em 5.

A partir de seu governo foram criadas importantes organizações como: Fundo de Desenvolvimento agro industrial – FUNDRAGO; a Companhia de Eletricidade da Bahia – COELBA; a Companhia Telefônica da Bahia – TEBASA, além de outros projetos implementados no seu governo e em governos posteriores.

Em agosto de 1961, o Brasil vivenciou uma das maiores crises políticas de sua história, quando o presidente Jânio Quadros, renunciou à presidência da república, fato esse que levou seu vice, João Goulart, não muito querido pela elite política, econômica e militar brasileira a assumir à presidência do país sob a condição do parlamentarismo.

Nesse contesto, Balbino assumiu a função de procurador geral da república, tornando-se uma das peças chaves para o apaziguamento da nação, quando juntamente com Hugo de Farias, chefe do gabinete civil da presidência, percorreu o norte e nordeste brasileiro buscando apoio político e financeiro para a antecipação do plebiscito que diria SIM ou NAO ao retorno do regime presidencialista, previsto para ocorrer no início de 1965. No dia 6 de janeiro de 1963 a soberania popular venceu e o povo esmagadoramente disse SIM ao presidencialismo.

Antônio Balbino foi também ministro de Indústria e Comércio e senador pela Bahia, último cargo público que ocupou. Liberal convicto, deixou um legado de dedicação à coisa pública, compromisso com a boa política e o futuro, coisas difíceis de ser ver hoje.

Vinícius Jacob é professor e historiador, especialista em História da Bahia

@bauhistoricodabahia

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