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A lei é para alguns por Vinicius Jacob

Por Vinícius Jacob
“Se tu falas muito palavras sutis. Se gostas de senhas, sussurros, ardis. A lei tem ouvidos pra te delatar, nas pedras de teu próprio lar…” Carlos Marighella foi assim, incansável militante e inconformado com as desigualdades sociais, filosofia de vida aprendida em uma família de pai operário italiano e mãe negra, legítima herdeira do povo hauçás. “Se vives nas sombras, frequentar porões. Se tramas assaltos ou revoluções. A lei te procurar amanhã de manhã, com seu faro de dobermam..” Aluno brilhante de  engenharia civil da Escola Politécnica da Bahia, a mesma que formou Octávio Mangabeira, escrevia nas provas conteúdos  em versos e prosas, deixando seus professores e colegas encantados. Abandonou tudo pelo comunismo, doutrina essa que se ofereceu em holocausto. “E se definitivamente a sociedade só te tem desprezo e horror. E mesmo nas galeras és nocivo, és um estorvo, és um tumor. A lei fecha o livro, te prega na cruz, depois chamam os urubus…” Carlos Marighella morreu dentro do Fusca,  assassinado covardemente  numa emboscada na alameda Casa Branca, em São Paulo. Nessa foto, publicada pelo jornal Última Hora, no dia 10 de dezembro de 1970, podemos visualizar a brutalidade do regime. “Se pensas que pensas, estas redondamente enganado”. Trechos da música “Hino de Duran”, Chico Buarque
Vinícius Jacob é professor e historiador
Acervo: Última Hora
Fotógrafo: não identificado.

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